Todos os dias da semana, desde fevereiro, mergulho no asfalto que leva à favela da Pedreira. Ora corpo e pensamento se deslocam pela superfície de betume espesso, ora o pensamento se desloca solitário por caminhos suspensos. Por muitos dias, as palavras surgiram antes do Sol. O luar era festejado com agradecimentos – retornar era sempre uma dúvida. O Sol era recebido com rezos e pedidos repetidos – “dobra a força do braço, não me deixe ir só”. Tal qual a menina de capuz vermelho, segui estrada afora. Tudo poderia acontecer na Estrada de Botafogo. No entanto, diferente da menina de capuz vermelho, pela estrada afora, nunca fui sozinha. Entre pontos, no texto e de ônibus, seguia um corpo no mundo, disposto a fazer amizade com lobos e conhecer vovós. Como alguém que leva e traz notícias, ouvi, anotei, observei, perguntei pouco para não direcionar a voz ouvida. Olhos, ouvidos e coração estiveram atentos ao caminho. Um caminho fluido, cheio de beiradas,…
selvagem29 de novembro de 2024







