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março 2025

Sem categoria

LUIZ LANA E O FIO DA MEMÓRIA

Tõrãmu Këhírí embarcou de volta em sua canoa para o grande universo. Se existe um fio da memória, Tõrãmu o tem em suas mãos e pode desfiá-lo até um outro mundo, antes do mundo existir. Tõrãmu Këhírí nos mostrou que as perguntas “quem sou?” e “de onde vim?” são incógnitas somente para os brancos, pois ele sabia muito bem da sua origem. Ele veio das estrelas, era um Këhíríporã, filho do desenho do sonho, do povo Desana Ümükomahsã, Gente do universo, descendente de Yebá Buró, a avó do mundo. Tõrãmu Këhírí e seu pai, Umusï Pãrõkumu, fizeram um dos livros mais importantes da história, com a colaboração da antropóloga Berta Gleizer Ribeiro.  Soube deste livro quando me apaixonei pela Berta Ribeiro. Foi amor à primeira vista de uma fotografia feita 70 anos antes. Na foto, Berta está fora de foco e encara a câmera. Ela veste uma roupa listrada que tem uma torção no decote, seu rosto está delicadamente pintado. Dois…
selvagem
24 de março de 2025
Diário Cristine Takuá

TECENDO PONTES ENTRE MUNDOS

TECENDO PONTES ENTRE MUNDOS Cristine Takuá 13 de março de 2025   “A embaúba, tuthi, é a fibra-mãe porque é mágica. Pode fazer com que mulheres se transformem em sucuris, pode produzir abelhas, realizar caças e tecer caminhos que chegam até as aldeias celestes.”   Há muito tempo, eu sonhava em fazer um entrelaçamento de saberes com a presença dos pajés Maxakali e da anciã Delcida com os jovens Guarani, para juntos caminharmos na mata e intercambiarmos os saberes da Nhe’ëry. Fotos: Anna Dantes Delcida Maxakali é mestra dos cantos, das histórias e da arte da embaúba, sendo uma das principais anciãs da Aldeia-Escola-Floresta. Nascida em uma das aldeias mais antigas da Terra Indígena Maxakali, no Pradinho, Delcida guarda na memória a história dos deslocamentos dos seus ancestrais pelo território, preservada em seus cantos e contos. Durante anos viveu na reserva de Aldeia Verde enfrentando enormes dificuldades para o acesso à água. Apesar da idade avançada, foi uma das principais lideranças…
selvagem
13 de março de 2025
Diário Veronica Pinheiro

O DIA EM QUE ACOLHI O MENINO SOL NO COLO

O dia em que acolhi o menino Sol no colo Veronica Pinheiro 13 de março de 2025   “Com fios finos e fortes As aranhas tecem Suas teias. Às vezes, uma gota d’água se pendura, ou um raio de Sol.”¹     Existem muitas formas de se contar a história de um lugar. Este diário apresenta registros de uma professora que, a partir da biblioteca da escola, tece fios de memórias.  Ora despertadas, ora construídas, essas memórias estão compondo uma teia com fios finos e fortes. Uma teia com fios invisíveis que ligam sonhos, florestas, aldeias, quilombos, cidades, rios, seres grandes e pequenos. Com a aranha, as mulheres Huni Kuï aprenderam a arte de tecer, a aranha encantada Basne Puru Yuxibu é a guardiã dos fios de algodão e do conhecimento da tecelagem. Com o pajé Dua Busë, aprendi a tecer caminhos para uma escola viva. Dua Busë vive na Aldeia Coração da Floresta, no Acre, ele é guardião de…
wonderpus
13 de março de 2025