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Veronica Pinheiro's Diary

A CAMINHO DA PEDREIRA

By 5 de March de 2024#!30Thu, 27 Nov 2025 12:25:23 -0300-03:002330#30Thu, 27 Nov 2025 12:25:23 -0300-03:00-12America/Sao_Paulo3030America/Sao_Paulo202530 27pm30pm-30Thu, 27 Nov 2025 12:25:23 -0300-03:0012America/Sao_Paulo3030America/Sao_Paulo2025302025Thu, 27 Nov 2025 12:25:23 -030025122511pmThursday=821#!30Thu, 27 Nov 2025 12:25:23 -0300-03:00America/Sao_Paulo11#November 27th, 2025#!30Thu, 27 Nov 2025 12:25:23 -0300-03:002330#/30Thu, 27 Nov 2025 12:25:23 -0300-03:00-12America/Sao_Paulo3030America/Sao_Paulo202530#!30Thu, 27 Nov 2025 12:25:23 -0300-03:00America/Sao_Paulo11#No Comments
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A CAMINHO DA PEDREIRA
Veronica Pinheiro

05 de março de 2024

 

We arrived at the Pedreira Favela. A complex with the lowest Human Development Index in the city and the state of Rio de Janeiro. We reached the old Ventania Hill, where the wind blew freely and howled loudly. They say that when the wind whistled in the Pedreira, you would hear nothing else. The Pedreira Hill is located in the neighbourhood of Fazenda Botafogo, between Pavuna, Costa Barros, and Acari, in the city of Rio de Janeiro. Strangely, the wind has fallen silent in this place. The ruins of an old slave quarters, a cemetery of slaves, some torture instruments, and a disused quarry are the most recent layers beneath the ground of this pathway we begin to tread.

An old train line crossed the dense forest of the Fazenda Botafogo neighbourhood. In the 1970s, the express train carried people in search of work and a new home. These stories are still heard in the territory: "I arrived at Pedreira on September 4, 1970. Until then, I lived in other places. I arrived from the state of Espírito Santo, but I am from Minas Gerais. I was accompanied by my husband and six children," says Dona Geralda, one of the first residents of the Pedreira favela complex.

 

Mapa da Pedreira – João, 6 anos

O trem transformou o lugar onde o vento cantava numa intersecção de corpos-territórios. Corpos em trânsito confluíram, se fortaleceram e construíram uma comunidade. “Quando a gente confluencia, não deixa de ser a gente, a gente passa a ser a gente e outra gente – a gente rende”, diz Nego Bispo em seu livro A terra dá, a terra quer (Ubu Editora, 2023). A confluência é uma força que amplia. Esta força trouxe o Selvagem até aqui. Uma confluência solar: Sol, vento, pedreira, memórias guardadas na terra e trazida nos corpos. A corporeidade é um lugar de registros e agência, nela se articulam e se transmitem mundos.

Nosso caminho na Pedreira é junto à Escola Municipal Professor Escragnolle Dória, para nós, Casa das Crianças. Acreditamos na confluência dos corpos –  discentes, docentes, plantas, cores, vento, Sol. Em 2024, iniciamos um percurso sobre aprendizagens vivas dentro de uma escola. A sala de leituras da escola será nosso núcleo de irradiação Selvagem. Lá receberemos 439 crianças por semana e 19 professores por mês. Serão 200 dias letivos; 8 oficinas de artes (para crianças e professores) e um grande encontro festivo no final do ano. Na mediação desse movimento, estarei como professora das rodas de leituras e como coordenadora das atividades de artes. Em 10 dias de aula, já passamos por tantas coisas: de medo de bate-bola no bailinho de carnaval a medo de bala perdida durante o turno escolar. Já lemos 2 livros, choramos, sorrimos e brincamos também.

Nesse percurso Selvagem, compartilharemos com crianças e professores reflexões para a construção de uma escola viva. Compartilhamos uma outra forma de ser e estar no mundo, lembrando que a vida e o bem viver devem fazer parte do cotidiano escolar. Não estamos a serviço da educação. Para além de cumprir uma diretriz nacional¹, subimos a pedreira  ativando memórias, saberes e fazeres. Um percurso solar para sentir, ouvir, criar e brincar. Seguiremos por aqui semeando palavras, mudas e mundos. Guiados pelos ventos, estamos sob a luz do Sol, a serviço da vida.

 

¹ A Lei nº 11.645, de 10 março de 2008 torna obrigatório o estudo da história e cultura indígena e afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, porém não prevê a sua obrigatoriedade nos estabelecimentos de ensino superior para os cursos de formação de professores, as licenciaturas.